terça-feira, 8 de setembro de 2009

ALGUMAS RESPOSTAS(3)






13) É um erro admitir que tudo o que a Bíblia contém seja recomendado por ela. Toda a Bíblia é verdadeira (João 17:17), mas ela registra algumas mentiras, como por exemplo as de Satanás (Gênesis 3:4; conforme João 8:44) e a de Raabe (Josué 2:4). A inspiração está sobre toda a Bíblia de forma tão completa e abrangente que ela registra com exatidão e verdade até mesmo as mentiras e os erros dos que pecaram. A verdade, na Bíblia, encontra-se no que ela revela, não em tudo que ela registra. Sem que se faça esta distinção, pode-se concluir de maneira errada que a Bíblia ensina imoralidade, porque ela narra o pecado de Davi (2 Samuel 11:4); ou que ela promove a poligamia, porque registra o caso de Salomão (1 Reis 11:3); ou que ela ensina o ateísmo, por citar o tolo que diz: "não há Deus" (SaImo 14:1)..

14) É um erro esquecer-se de que a Bíblia faz uso de uma linguagem comum, não-técnica.Para que algo seja verdadeiro, não é necessário fazer uso de uma linguagem erudita, técnica ou, assim chamada, "científica". A Bíblia foi escrita para pessoas comuns de todas as gerações, e, portanto, emprega a linguagem comum, do dia-a-dia. O uso de uma linguagem não-científica não vai de encontro à ciência, pois ela é anterior à ciência.As Escrituras foram escritas em tempos antigos, com padrões antigos, e seria algo anacrônico impor sobre elas padrões científicos modernos. Contudo, não é menos científico falar que "o sol se deteve" (Josué 10:13) do que se referir ao "nascer do sol" (Josué 1:15). Ainda hoje os meteorologistas mencionam todo dia sobre a hora do "nascer" e do "pôr-do-sol". Se formos considerar isso,teremos de mandar queimar todos os escritos que usam as palavras “nascer” e “por-do-sol”,pois o sol não se movimenta ao redor da terra e sim esta ao redor dele. Teríamos de dizer “ vou encontrá-lo “ao por-da-terra,ou ao nascer-da –terra”. Considerando a maneira que mesmo hoje todos se referem a isso,podemos muito bem entender que foi a terra que parou e não o sol,mas devido a maneira que mesmos os modernos tratam o dia e a noite,como um movimento(que não existe) do sol,é fácilmente compreensível que os antigos assim tivessem se manifestado. E note bem no texto que não é Deus que fala “ Sol,detém-te...”,mas sim Josué.E Deus,evidentemente,o atendeu sem explicar para ele o heliocentrismo,pois isso não era necessário.

15) Considerar que números arredondados sejam errados é outro engano algumas vezes cometido pelos críticos é quando eles alegam que há erro em números que foram arredondados. Não é assim. Números arredondados são apenas isso: números arredondados. Como ocorre no linguajar comum, a Bíblia faz uso de números arredondados (1 Crônicas 19:18; 21:5).Ou vocês imaginam que o número de pessoas numa destas passagens era “um milhão e cem mil homens” e não “Um milhão noventa e nove mil quatrocentas e trinta e oito “.

Por exemplo; quando se referiu ao diâmetro como sendo cerca de um terço da circunferência. Do ponto de vista da sociedade tecnológica atual, pode ser impreciso tomar como sendo três o que é na realidade 3,14159265..., o que não é incorreto para um povo antigo, vivendo numa era não-tecnológica. Três é o arredondamento do número "pi". Isso é o suficiente para o "mar de fundição" (2 Crônicas 4:2), na medida de um antigo templo hebreu, embora esta precisão não seja, hoje em dia, suficiente pára os cálculos feitos por um computador, num foguete moderno. Mas não temos de esperar encontrar precisão científica numa era pré-científica. De fato, isso seria tão anacrônico como usar um relógio de pulso numa peça de Shakespeare.

16) Um livro inspirado não precisa ser composto em um único estilo literário. Foram seres humanos que escreveram os livros da Bíblia, e a linguagem humana não se limita a uma única forma de expressão. Assim, não há por que supor que apenas uma forma de expressão ou apenas um gênero literário tenha de ter sido empregado num livro divinamente inspirado. A Bíblia revela muitos recursos literários. Vários de seus livros acham-se inteiramente escritos no estilo poético (por exemplo, Jó, Salmos, Provérbios). Os Evangelhos sinóticos estão cheios de parábolas. Em Gálatas 4, Paulo faz uso de uma alegoria. No NT acham-se muitas metáforas (por exemplo, 2 Coríntios 3:2-3, Tiago 3:6), e comparações (Mateus 20:1; Tiago 1:6); há também (por exemplo, Colossenses 1:23; João 21:25; 2 Coríntios 3:2) e, até mesmo,figuras poéticas (Jó 41:1). Jesus empregou a sátira (Mateus 19:24, 23:24). Figuras de linguagem são comuns por toda a Bíblia. Não constitui erro o autor bíblico fazer uso de uma figura de linguagem, mas é errado tomar uma figura de linguagem de forma literal. Obviamente, quando a Bíblia fala do crente que se acolhe à sombra das "asas" de Deus (SaImo 36:7), isso não quer dizer que Deus seja uma ave com uma bela plumagem. De igual modo, quando a Bíblia fala que Deus "desperta" (Salmo 44:23), como se ele estivesse dormindo, trata-se de uma figura de linguagem que indica a inatividade de Deus antes de ele ser levado a exercer o juízo pelo pecado humano. Temos de ter todo o cuidado na leitura das figuras de linguagem nas Escrituras.

17)Outro erro comum é esquecer-se de que somente o texto original é isento de erros, e não qualquer cópia das Escrituras. Quando os críticos descobrem um genuíno erro numa cópia (manuscrito) cometem outro erro fatal. Eles assumem que o erro se encontra também no texto original das Escrituras, no texto inspirado. Esquecem-se de que Deus proferiu o texto original das Escrituras, não as cópias. Portanto, somente o texto original é isento de erros. A inspiração não garante que toda cópia do original fique sem erros. Portanto, temos de levar em conta que pequenos erros podem ser encontrados em alguns manuscritos, que são cópias do texto original. Mas, de novo, como Agostinho com sabedoria observou, quando nos deparamos com um, assim chamado, "erro" na Bíblia, temos de admitir uma entre duas alternativas: ou o manuscrito não foi copiado corretamente, ou não entendemos as Escrituras direito. O que não podemos pressupor é que Deus tenha cometido um erro na inspiração do texto original.
Embora as atuais cópias das Escrituras sejam muito boas, elas também não estão isentas de erros. Por exemplo, 2 Reis 8:26 dá a idade de Acazias como sendo 22 anos, ao passo que 2 Crônicas 22:2 registra 42 anos. Este segundo número não pode estar correto, pois implicaria que Acazias fosse mais velho do que o seu pai. Obviamente, trata-se de um erro do copista, mas isso não altera a inerrância do original. Algumas coisas temos de observar com respeito aos erros dos copistas. Em primeiro lugar, são erros feitos nas cópias, e não no original. Jamais alguém encontrou um original com um erro. Em segundo lugar, são erros de menor importância (com freqüência, em nomes e em números), que não afetam nenhuma doutrina da fé cristã. Em terceiro lugar, esses erros dos copistas são relativamente em pequeno número. Em quarto lugar, geralmente, pelo contexto ou por outro texto das Escrituras, podemos saber qual passagem incorre em erro. Por exemplo, no caso acima, a idade certa de Acazias é 22, e não 42, já que ele não poderia ser mais velho do que o seu pai.

18) Finalmente, muito embora possa haver um erro de cópia, a mensagem inteira ainda assim é perfeitamente entendida. Nesses casos, a validade da mensagem não se altera. Por exemplo, se você recebesse uma carta como esta, você não entenderia a mensagem por completo? E você não iria correndo atrás do seu dinheiro?
"#ocê foi contemplado no sorteio tal e tal e é o ganhador da importância de cinco milhões de reais”
Mesmo havendo um erro na primeira palavra, a mensagem inteira é compreensível - você possui mais cinco milhões! E se no dia seguinte você recebesse mais uma carta, com os seguintes dizeres, aí é que você teria ainda mais certeza:
"V#cê foi contemplado no sorteio tal e tal e é o ganhador da importância de cinco milhões de reais”
Na verdade, quanto mais erros deste tipo houver (cada um num lugar diferente), tanto mais certo você estará com respeito à mensagem original. E por isso que os erros dos escribas nos manuscritos bíblicos não afetam a mensagem básica da Bíblia. Assim, na prática, por mais imperfeições que haja nos manuscritos utilizados, a Bíblia que temos em nossas mãos transmite a verdade completa da original Palavra de Deus.

19)Erram também os críticos ao confundir afirmações gerais com universais. Com freqüência, os críticos rapidamente chegam à conclusão de que afirmações que não mencionam restrições não admitem exceções. Apoderam-se de versículos que apresentam verdades gerais e então regozijam-se em mostrar óbvias exceções. Ao fazerem isso, se esquecem de que tais afirmações foram feitas com a intenção de serem generalizações. O livro de Provérbios é um bom exemplo de casos assim. Dizeres proverbiais, por sua própria natureza, dão-nos apenas uma direção, e não uma certeza aplicável a todos os casos. São regras para a vida, mas regras que admitem exceções. Provérbios 16:7 é um desses casos. A afirmação é: "Sendo o caminho dos homens agradável ao Senhor, este reconcilia com eles os seus inimigos". Isto obviamente não tinha a intenção de ser uma verdade universal. Paulo era agradável ao Senhor, e seus inimigos o apedrejaram (Atos 14:19). Jesus foi agradável ao Senhor, e seus inimigos o crucificaram! Não obstante, esta é uma regra geral: aquele que vive de modo a agradar ao Senhor poderá minimizar o antagonismo de seus inimigos.
Outro exemplo de uma verdade geral é Provérbios 22:6: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele". Entretanto, outras passagens da Bíblia nos mostram que isto nem sempre é verdade. De fato, alguns homens piedosos na Bíblia (inclusive Jó, Eli e Davi) tiveram filhos perversos. Este provérbio não contradiz a experiência por ser um princípio geral, que se aplica de maneira geral, mas que permite exceções em casos isolados. Os provérbios não têm a característica de ser garantias absolutas. Antes, eles expressam verdades que nos proporcionam conselhos e direções úteis, que cada um de nós deve aplicar à própria vida, a cada dia. Não passa de um simples erro presumir que a sabedoria de um provérbio seja sempre uma verdade universal. Os provérbios são sabedoria (direções gerais), não leis (imperativos com aplicação universal). Quando a Bíblia declara "...vós sereis santos, porque eu sou santo" (Levítico 11:45), então não há exceções. Santidade, bondade, amor, verdade e justiça estão na raiz precisa da natureza de Deus, que é imutável e, por isso, não admite exceções. Mas a sabedoria toma as verdades universais de Deus e as aplica a circunstâncias específicas e sujeitas a alterações, as quais, por sua própria natureza mutável, nem sempre produzirão os mesmos resultados.

20) Esquecer-se de que uma revelação posterior sobrepõe-se a uma anterior. Algumas vezes, os críticos das Escrituras se esquecem do princípio da revelação progressiva. Deus não revela tudo de uma só vez, nem determina sempre as mesmas condições para todos os períodos do tempo. Portanto, algumas de suas revelações posteriores vão sobrepor-se a afirmações anteriores. Os críticos da Bíblia às vezes confundem uma mudança na revelação com um erro. O erro, entretanto, é do crítico. Por exemplo, o fato de que a mãe ou o pai de uma criança permita que ela, quando bem pequena, coma com a mão, para somente mais tarde ensinar-lhe a comer com uma colher não é uma contradição. Nem ainda a mãe ou o pai estará se contradizendo quando, mais tarde, insistir para que o filho use um garfo, e não mais uma colher, para comer vegetais. Isto é revelação progressiva, sendo cada ordenança adequada à circunstância particular em que a pessoa se encontra.

Também houve um período (sob a lei de Moisés) em que Deus ordenou que animais fossem sacrificados pelo pecado do povo. Entretanto, desde que Cristo ofereceu o sacrifício perfeito pelo pecado (Hebreus 10:11-14), esse mandamento do AT não está mais em vigor. Aqui, de novo, não há contradição entre o mandamento posterior e o anterior. De igual forma, quando Deus criou a raça humana, ele ordenou que se comessem apenas frutas e vegetais (Gênesis 1:29). Mas depois, quando as condições se alteraram após o dilúvio, Deus ordenou que se comesse também carne (Gênesis 9:3). Tal mudança de uma condição herbívora para uma carnívora é uma revelação progressiva, mas não se constitui uma contradição. De fato, todas as subseqüentes revelações são simplesmente mandamentos diferentes para pessoas diferentes em tempos diferentes, dentro do plano geral de Deus para a redenção.


É certo que Deus não pode alterar mandamentos que têm que ver com a sua natureza imutável (cf. Malaquias 3:6; Hebreus 6:18). Por exemplo, sendo Deus amor (1 João 4:16), ele não pode ordenar que o odiemos. Nem pode ordenar o que é logicamente impossível, como, por exemplo, oferecer e, ao mesmo tempo e com o mesmo propósito, não oferecer um sacrifício pelo pecado.Mas, apesar desses limites de ordem lógica e moral, Deus pode e revelou-se de maneira progressiva e não contraditória. Quando, porém, os fatos relativos a sua revelação são tirados do próprio contexto e comparados a outros anteriores, podem parecer uma contradição. Esse, contudo, é o mesmo tipo de erro de quem acha que a mãe está-se contradizendo ao permitir que o filho, agora mais velho, vá dormir mais tarde. Depois anos de estudo contínuo e cuidadoso da Bíblia, a única conclusão a que se pode chegar com respeito àqueles que pensam terem descoberto um erro na Bíblia é que eles não sabem muita coisa a respeito dela - na verdade, sabem é muito pouco sobre a Bíblia!

NT> Baseado em
Norman Geisler e Thomas Howe


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