terça-feira, 25 de agosto de 2009

AOS QUE ACHAM QUE SABEM



O objetivo desse artigo é apresentar para o leitor a visão de uma dicotomia evidenciada por um debate que perdura há muito tempo. Buscarei desde o início oferecer áqueles que crêem em Deus e na Bíblia mas não consideram sua fé incompatível com a ciência ,um pensamento que busca a verdade ou onde podemos chegar mais próximos dela,rejeitando todo preconceito seja religioso ou materialista ateísta. Minha proposta é muito simples,ou seja,levar ao conhecimento dos leitores que é perfeitamente coerente uma posição pela convergência entre a ciência,a história e a Bíblia.Escritos de especialistas nos diversos ramos da ciência e da história há muito tempo, expõem e questionam as inconsistências do pensamento ateu.

Conforme bem definiu Stephen C. Meyer,,a respeito da Teoria da Evolução,(a mola mestra do ateísmo) a questão histórica a ser levantada sobre as origens da biologia não é qual o cenário materialista provará ser mais adequado,mas sim como a vida conforme a conhecemos realmente apareceu na Terra. Segundo o biólogo, uma proposta lógica de resposta para esta questão é que a vida foi projetada por um Agente Inteligente que existiu antes do advento dos humanos. Em sua opinião seria uma estultícia excluir a hipótese de um Criador sem se considerar todas as exigências de explicação que a mesma requer. Uma exclusão de um design e propósito para o universo,por conseqüência diminuiria a racionalidade de uma pesquisa sobre as origens. Colocar o materialismo como padrão para se definir a cientificidade de uma proposição,é cair em um circulo vicioso danoso para a obtenção da verdade. Não se pode questionar o aspecto científico do design,através da alegação de que seus defensores acreditam de alguma forma em um Deus Criador,e portanto sobrenatural,deixando de avaliar as proposições científicas dos mesmos. O grande consenso na cosmologia atual sobre a expansão do universo,pressupôe um início para o mesmo,portanto algo ocorrido antes de haver tempo ou espaço,portanto sobrenatural. A posição de Meyer define bem o critério que deve ser usado para se julgar as propostas de ambas as partes neste debate, qual seja,o critério científico. O fato de que os cientistas a favor de uma Criação Inteligente aceitam a existência de um Criador que não pode ser explicado pela ciência convencional,não nos dispensa de avaliarmos as evidências por eles apresentadas com base nas leis da física,química, e biologia,que conhecemos. Caso contrário,seria como dizer que Richard Dawkins não pode escrever sobre as origens da vida segundo a teoria da evolução, a qual descarta a existência de um Agente Inteligente,por ser ele ateu e portanto tendo por pressuposição o surgimento da vida por processos naturais. Não pode haver um peso e duas medidas. Se os materialistas que excluem a possibilidade de um Criador podem argumentar contra esta idéia,por que os defensores da Bíblia e de Deus não podem argumentar contra o materilaismo pelo fato de acreditarem na possibilidade do criador? A ciência é porventura propriedade dos ateus. È evidente que nossos posicionamentos são um resultado da maneira que pensamos,portanto o que deve ser avaliado é a validade ou não de nossos argumentos;o julgamento e a comparação destes com suas antíteses devem ser os verdadeiros subsídios para qualquer conclusão,de outra forma caímos num preconceito ideológico que só traz prejuízo para a obtenção da verdade.

O editor da revista “Scientific American” captou muito bem esta presunção dos evolucionistas de proprietários da verdade quando escreveu em “ O Fim da Ciência”: “O que pode fazer um jovem e ambicioso biólogo para deixar a sua marca na era pós-Darwin e pós DNA? Uma alternativa é tornar-se mais darwiniano do que Darwin,aceitando a teoria darwiniana como uma compreensão superior da natureza,impossível de ser superada. Esse é o caminho tomado pelo arqui-elucidativo e reducionista Richard Dawkins, da Universidade de Oxford. Ele fez do darwinismo uma arma temível,com a qual oblitera quaisquer idéias que desafiem sua perspectiva decididamente materialista e não mística da vida. Parece tomar a persistência do criacionismo e outras idéias antidarwinianas como uma afronta pessoal”. Horgan revela ainda a resposta de Dawkins a uma pergunta sua em um encontro que tiveram: “ Perguntei a Dawkins porque ele achava que a sua concepção de que Darwin basicamente nos disse tudo o que sabemos e tudo o que precisamos saber sobre a vida encontrava resistência não só entre os criacionistas,...ou os filósofos sofistas,mas até entre biólogos manisfestamente competentes. “ É possível que eu não consiga me expressar com suficiente clareza”.(. Não meu caro leitor,você não leu errado, foi esta mesmo a resposta! Não importa que os biólogos sejam reconhecidamente competentes,se divergem de Dawkins e Darwin,a razão é simples,não entenderam o que foi falado.

Deveria a ciência,no caso a biologia na sua busca pelo significado da origem da vida, ser limitada á opinião de alguém que se considera o supra-sumo do conhecimento,ou deveria a mesma ser algo infinito em todas as direções? Um dos maiores filósofos da ciência,senão o maior,Karl Popper gostava de zombar da pretensão de alguns cientistas de atingirem uma teoria completa da natureza,aquela que responda a todas as perguntas.Ele costumava dizer que em nossa ignorância,somos todos iguais,e que sempre acreditou que a ciência nunca poderia responder ás perguntas sobre o significado e finalidade do universo. Sobre isso ele afirmava que sabemos muito pouco e devíamos ser modestos e não fingir que sabemos alguma coisa sobre questões decisivas como estas. No caso da teoria da evolução seu pensamento era de que mesmo que os cientistas conseguissem criar vida em um laboratório,eles nunca poderiam ter certeza que ela realmente teria começado desta forma.Segundo Popper é provável que a origem da vida continue a ser não testável para sempre. Em certa consonância com tal pensamento um dos maiores físicos de todos os tempos Niels Bohr declarou que "deveríamos estar preparados para uma surpresa,uma surpresa muito grande". Podemos portanto perceber claramente através da opinião destes e de outros nomes eminentes da ciência,que a pretensão dawkiniana da certeza do modelo ateísta evolucionista nunca foi e nunca será uma unanimidade.


Entre as diversas alegações dos ateus para apoiar sua filosofia,está conforme vimos,a suposição de que a vida apareceu na Terra sem a interferência de um Agente Inteligente.No entanto,de acordo com a análise de vários cientistas,inclusive ateus e céticos,sobre a complexidade que envolve a vida e seus mecanismos de funcionamento,não há como em sã consciência se rejeitar a opção de atuação de uma Mente Inteligente por trás de tal projeto. Apresentar a teoria da evolução como uma possível explicação evidentemente é lícito,mas ao mesmo tempo agir como fazem os darwinistas,acusando de não científica a idéia da Criação Inteligente,revela unicamente uma posição ortodoxa e fechada á amplitude de respostas que a ciência pode fornecer. A demonstração de apego cego a uma única teoria que longe de ser comprovada enfrenta enormes dificuldades em sua sustentação,foge completamente da atitude que se espera de cientistas cujo único compromisso seja a verdade,doa a quem doer. É importante que o leitor perceba que a ciência como sinônimo da totalidade do conhecimento humano está longe de ser um “ente” imune a questionamentos. O doutor em física pela Universidade de Harvard,que trocou a física pela filosofia Thomas Kuhn em sua obra “ A estrutura das revoluções científicas”,a qual é considerada por muitos a melhor tese já escrita sobre os avanços da ciência, introduziu o termo “paradigma” como a representação do padrão de modelos a serem seguidos,dando a uma realização científica métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base para estudos e pesquisas. Ou seja um paradigma na ciência revela uma propensão a se pensar segundo o modo pré-estabelecido em detrimento do questionamento.

O pensamento de Kuhn expôe muito bem o forte “alter ego” que habita a mente dos cientistas ao argumentar que estes nunca conseguem compreender verdadeiramente o mundo real,nem sequer uns aos outros. Segundo ele a maioria dos cientistas nunca questiona o paradigma. Eles preferem resolver os enigmas e problemas que reforçam e estendem o alcance do paradigma ao invés de questioná-lo. O escritor John Horgan após entrevistar o filósofo assim interpretou seu pensamento: “ Kunh afirmava que a refutação não é mais possível do que a verificação;cada processo implica a existência de padrões absolutos de evidência,que transcendem qualquer paradigma individual. O novo paradigma pode ser melhor que o antigo para resolver os enigmas e talvez produza mais aplicações práticas. “Não se pode simplesmente qualificar a outra ciência como falsa”,dizia Kuhn. O simples fato de a física moderna ter produzido os computadores,a energia nuclear e os toca-discos CD,não a torna mais verdadeira num sentido absoluto que a física de Aristóteles. Da mesma forma Kuhn negava que a ciência estava constantemente se aproximando da verdade. No final de Estrutura,ele afirma que a ciência como a vida na Terra,não evolui em direção a alguma coisa,mas apenas se afasta de alguma coisa... ele chamava de “dependentes” os cientistas comprometidos com um paradigma;também comparava-os aos personagens submetidos á lavagem cerebral em 1984,de Orwell.”

Duvido que o leitor encontre em toda a história da ciência um paradigma mais blindado e avesso a questionamentos do que o ateísmo e o apego á teoria da evolução de Charles Darwin. Quando qualquer objeção é feita ao seu modelo os ateístas-evolucionistas preferem ignorar a responder. Qualquer teoria que se apresente contrária ao darwinismo é classificada como falsa. Não importa que toda a ciência seja em essência questionável,isso não vale para os ateus. Em face do caráter indefinido que é a característica do conhecimento científico só existem duas opções para os ateus e sua teoria da evolução; ou eles reconhecem sua limitação e com isso sua sujeitabilidade á dúvida para ter o direito ao rótulo de ciência,ou assumem de vez a vestimenta de filosofia fundamentalista ateísta.

O renomado filósofo da ciência Karl Popper já nos alertava: “ Como os cientistas recebem financiamento para o seu trabalho,a ciência não é exata como devia ser. Isso é inevitável. Há uma certa corrupção. Infelizmente...Os cientistas não são tão auto-críticos como deviam ser...As dificuldades são subestimadas. A teoria é apresentada como se tudo isso se fundasse em certeza científica,mas a certeza científica não existe... é preciso procurar teorias alternativas".Como podemos ver,os cientistas não são super-homens imunes ás dificiências e defeitos humanos,tampouco são pobres abnegados cuja única preocupação é o bem da humanidade. Na história dos homens da ciência o que muitas vezes vemos é um elevado culto ao ego.

Sempre sublinhei a necessidade de um certo dogmatismo- o cientista dogmático tem um papel importante a desempenhar. Se nos entregarmos à crítica muito facilmente,jamais descobriremos onde está a verdadeira força de nossas teorias.”(Popper).

O médico psiquiatra,professor de psicopatologia na Universidade de Nápoles,Mauro Maldonato exemplifica bem este preconceito “dos que acham que sabem para com aqueles que eles acham que não sabem” em seu excelente artigo “Não sabemos que não sabemos”,quando escreve: “ Os dogmas do cientismo talvez representem a herança mais onerosa da modernidade. Mais invasivos do que os dogmas religiosos,com freqüência alimentaram um racionalismo prepotente e desmedido( uma hybris da razão) que pretendeu explicar tudo,impelindo á margem os inúmeros aspectos não racionalizáveis da vida humana: instintos, pulsões,angústias,sentimentos,paixões... o homem não é nem nunca será um deus diante do qual outro homem deve ajoelhar-se.Nenhum homem,portanto,jamais será onisciente.Isso vale antes de mais nada para os cientistas... soluções unívocas resultam da ignorância ou negligência,não do conhecimento.”

Em minha opinião nada retrata mais a pretensão ao monopólio da razão pelos ateus do que a conhecida fábula de Hans Christian Andersen, “ A Roupa Nova do Imperador”, na fábula do ateísmo, a teoria da evolução é o imperador,cientistas como Dawkins são como os ministros,que não querendo contrariar o rei,fingem que estão vendo. Afortunadamente existem outros cientistas que não se dobraram á ortodoxia fundamentalista ateísta os quais são como a criança que não se preocupando em “ver” como os outros, abriu os olhos do povo para perceberem que não havia roupa nenhuma. Felizmente para o bem do conhecimento,podemos contar com cientistas e intelectuais corajosos que ao analisarem a proposta do ateísmo,simplesmente nos disseram: O REI ESTÁ NÙ !



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